18 décembre 2008

Vida de doutorando / Vie de doctorant


Personne ne sera obligé de me croire. Je ne vous en voudrai pas. Car ce que je vais montrer ici est tellement surréaliste que moi, si je n'avais pas vécu moi-même la situation, je ne croirais pas non plus. Je me garderai d'en citer le nom, mais une des personnes qui ont "corrigé" un article que j'ai rédigé y a fait les "corrections" suivantes...



Ninguém sera obrigado a acreditar, eu juro que não vou me ofender. O que eu vou mostrar aqui é tão surreal que se eu não tivesse vivido na pele a situção, eu também não acreditaria. Sem citar o nome, uma das pessoas que "corrigiram" um artigo que eu escrevi fez as seguintes "correções"...



[ O = Original ; C = "Corrected" ]

01. Changement par des synonimes / Troca por sinônimos :

O: (...) Moreover, these results showed that (...)
C: (...) In addition, these results showed that (...)

O: (...) Nevertheless, the orientation of the molecule (...)
C: (...) However, the orientation of the molecule (...)

O: These molecules have a huge range of beneficial properties (...)
C: These molecules have a wide range of beneficial properties (...)

02. Une phrase équivalente / Uma frase equivalente :

O: Once the complexes were optimized, they were analysed (...)
C: After the optimization of the complexes, they were analysed (...)

03. Une simple inversion / Uma simples inversão :

O: The value of 3A was adopted, according to XXX et al.
C: According to XXX et al., the value of 3A was adopted.

... il y en a beaucoup plus, mais je ne me souviens pas par coeur. Si quelqu'un trouve une explication pour ce genre d'attitude, merci de me prevenir : je suis bouillant de curiosité, moi aussi.

... tem muito mais, mas eu não me lembro de tudo de cor. Se alguém tem uma explicação para esse tipo de atitude, eu peço por favor que me informe : eu também estou fervendo de curiosidade.

16 décembre 2008

2008 in books


As livrarias estão abarrotadas de livros de J. M. G. Le Cleuzio, o francês que ganhou o Nobel de Literatura este ano -- e de quem eu jamais li um livro (para ser sincero eu nem conhecia). Eu vi uma fila de gente, literalmente, esperando a FNAC abrir no dia em que o ultimo volume da saga Harry Potter foi lançado. Meu interesse é zero por esse tipo de coisa. Parece que a grande moda agora é a quadrilogia vampirolesca -- adorei meu neologismo -- Twilight (Crespuculo), de Stephenie Meyer. Que também não me interessa. Minha boa surpresa literaria em 2008 foi a trilogia Millenium, do escritor e jornalista sueco Stieg Larsson. Antes de continuar, eu tenho que agradecer ao meu amigo Jean-François que me emprestou todos os três volumes, cada um com 700 paginas, que eu devorei em dois meses. Sem revelar nenhum detalhe que possa atrapalhar a leitura, eis qui uma overview da intriga desenvolvida ao longo dos três volumes (as traduções dos titulos eu as fiz a partir da versão francesa).


OS HOMENS QUE NAO GOSTAVAM DAS MULHERES : Mikael Blomkvist, jornalista e socio da revista Millenium, é condenado por difamação ao publicar acusações sem provas (apesar de verdadeiras) contra o magnata Winneström. Decepcionado, decidido a abandonar o jornalismo, ele é contactado pelo milionario Henrik Verger. Depois do desaparecimento de sua sobrinha pedrileta, Harriet Verger, 40 anos antes, Henrik recebe pelo correio uma flor, todos os anos no dia do aniversario de Harriet. Sua proposta é direta: se Mikael aceitar investigar o misterio envolvendo Harriet, o velho Verger lhe fornecera as provas necessarias para incriminar Winneström. As circunstâncias farão com que o destino de Mikael se cruze com o de Lisbeth Salender, uma garota misteriosa e associal, com um passado duvidoso, criada em um orfanato e que vive sob custodia de um advogado pouco recomendavel. O que pouquissimos sabem é que Lisbeth é um dos maiores hackers do planeta. Com a ajuda dela e o apoio de Erika Berger (sua melhor amiga, socia e amante), Mikael vai pouco a pouco tentar reconstituir os fatos ocorridos no dia em que Harriet sumiu. Suas investigações o levam, de um lado, a suspeitar da ação de um psicopata que odeia as mulheres. Por outro lado, cada membro da familia Verger aparenta ter suas proprias razões para ter desejado eliminar Harriet. As descobertas de Mikael revelarão algo muito mais estarrecedor do que todos -- personagens e leitores -- pudessem imaginar...

A GAROTA QUE SONHAVA COM UM GALÃO DE GASOLINA E UMA CAIXA DE FOSFOROS : depois da experiência com os Verger e com sua dignidade recuperada, Mikael retoma suas atividades na Millenium, enquanto Lisbeth desfruta da sua nova fortuna nas ilhas caribenhas. Quando ela volta à Suécia, dois colaboradores da revista são brutalmente assassinados e tudo indica que foi Lisbeth quem os abateu: da noite pro dia, ela se vê perseguida pela policia e por um complô envolvendo seu abominavel tutor Niels Bjurman e seu ex-psiquiatra Peter Teleborian. Mikeal esta convencido da inocência de Lisbeth e de que o crime teve a dupla função de calar os jornalistas e inciriminar a garota. Para limpar a barra da amga, ele devera descobrir os verdadeiros assassinos e o mais dificil: por que tanta gente quer a cabeça de Lisbeth ?

A RAINHA DOS PALACIOS DE VENTO : mais que provar a inocência da Lisbeth, Mikael devera salvar a sua vida (afinal, ela ja salvou a dele uma vez), ajudando-a a lutar contra o grupo sanguinario e implacavel que a persegue. Pouco a pouco, suas investigações revelam enfim o atroz passado de Lisbeth, ao mesmo tempo em que uma inimaginavel conspiração internacional surge como elemento gerador de todo o caos. Em meio a isso, ele devera lidar com a partida de Erika, sua socia-amiga-amante, que abre mão da sua parte na revista Millenium para ir trabalhar para um outro grande grupo jornalistico -- que é também o maior inimigo ideologico de Mikael.

Algo triste envolvendo Millenium é que seu autor Stieg Larsson morreu dois dias depois de entregar os manuscritos da trilogia a seu editor, em 2004, de um ataque cardiaco fulminante. Durante todo o ano, houve especulações sobre um suposto quarto volume que Larsson estaria escrevendo quando morreu.

Recentemente a
familia confirmou que de fato o manuscrito existe, mas que por respeito à memoria do escritor eles não o publicarão -- nem incompleto, nem completado por outrem (?). Agora uma boa noticia: o volume 1 acaba de ser lançado Brasil sob o titulo Os homens que não amavam as mulheres. A capa faz alusão à tatuagem que um dos protagonistas tem nas costas.

10 décembre 2008

2008 in cinéma


Depois de ter homenageado os dois belissimos dramas
Babel (filme-puzzle forte, realista e cru) em 2006 e O labirinto do Fauno (repleto de poesia e magia) em 2007 , este ano eu vou colocar em evidência três comédias morbidas a que eu assisti. Ando em sintonia com essas coisas de humor negro -- talvez por causa dos individuos que têm cruzado meu caminho e as situações cinematograficas em que eles acabam me metendo...


BURN AFTER READING - Joel e Ethan Coen figuram entre meus cineastas preferidos, pela forma sutil (ou nem tanto) pela qual eles filmam a maldade, os vicios e a burrice humana. Desta vez, eles reuniram um elenco de aço para tecer uma critica ferrenha à CIA, ao FBI, aos sites de encontro, à cirurgia estética... Agente da CIA demitido por "drinking problems", Osborne Cox (John Malkovitch de cabeça raspada) escreve suas memorias e planeja publica-las para se vingar da agência. Sua peruissima e insuportavel esposa Katie Cox (Tilda Swinton) pega esse CD por engano e ele vai parar a bilhões de anos-luz dali, no vestiario de uma academia de ginastica, onde sao instrutores Chad (um Brad Pitt retardado e careteiro) e Linda (Frances McDormand, a.k.a. senhora Joel Coen). Inscrita em um site de encontros, Linda conhece uma quantidade edificante de homens, cada um mais bizarro e caricatural que o outro. Um deles é um charmoso cafajeste interpretado por George Clooney -- que por acaso é o amante da senhora Cox la de cima. O sonho de Linda é "se reinventar", fazendo uma pequena dezena de cirurgias plasticas, que ela não tem como pagar. Afim de ajudar sua amiga a realizar esse sonho cirurgico, Chad tem a idéia de chantagear Osborne Cox: ou a grana ou a gente entrega o CD aos... russos (!). No meio deste circo de adultério, chantagem, paranoia (e mesmo alguns cadaveres), as coisas que acontecem são tão rocambolescas que, em uma cena antologica, até o proprio diretor da CIA joga os braços pro céu e desiste de compreender tamanha confusão.


***
IN BRUGES - Não sei que titulo deram a ele no Brasil (ja que frequentemente eles não traduzem os titulos, mas renomeiam lteralmente a obra). Um filme cartão-postal que tem a pitoresca Bruges (na Belgica) não so como décor, mas quase como um personagem na trama. Dois assassinos de aluguel são enviados de Londres à Bruges, depois de terem cometido uma verdadeira m**** na ultima "missão" deles. Apesar de diferentes, eles acabam tendo afeição um pelo outro e se tornam amigos. O mais jovem deles (Colin Farrel) encontra uma garota (Clémence Poésy) que vende drogas à equipe de um filme que estao gravando na cidade. Nesta equipe ha um anão que so abre a boca para nos matar de rir (e que vai ter um papel decisivo no final). E assim as coisas vão até o chefe (Ralph Fiennes) ligar da Inglaterra e mandar o outro assassino eliminar o Farrel. Como ele se recusa a fazer o serviço, o chefe vai para Bruges resolver o caso pessoalmente. As coisas que vão se passar quando toda essa gente se cruza (anão drogado, assassinos de aluguel, uma recepcionista de hotel gravida...) são tão descabidas, absurdas, surreais, que so resta a vontade de gargalhar.


***
VILAINE - A imprensa francesa tachou esse filme de a antitese da Amélie Poulain, mas eu acho esse rotulo muito "redutor". Aqui temos a historia de Mélanie, uma garçonete (e frentista e faixineira e caixa...) de um posto de gasolina. Gordinha, explorada pelo patrão, humilhada pela prima perua e suas amigas igualmente peruas, manipulada pela propria mãe, Mélanie so tem duas coisas em mente: agradar a todo mundo e se preparar para encontrar o gatissimo com quem ela corresponde via MSN. Até que um evento a fara enfim enxergar que toda essa gente so a esculacha. A partir deste dia, Mélanie virara uma... vilaine (vilã) e se vingara de um a um dos sacripantas que usaram e abusaram dela a vida toda. Coisas delirantes como um elefante entrando em uma loja de porcelanas ou uma noiva se casando com um radiador acorrentado no braço vão desfilar na tela, o todo filmado de uma forma absurdamente engraçada ! Vale a pena.

06 décembre 2008

2008 in music


Sit and wonder :
Faixa de abertura do album Forth, que o The Verve levou 11 anos para lançar. O desespero na letra (Yeah give me some light / give the light /God give me the light...), a voz agonizante (mas fascinante) do Ashcroft, somados a uma exploaração profissionalissima de recursos eletrônicos fizeram desta canção, ao meu ver, uma das melhores canções de rock desta década. Do mesmo album, Love is noise, Numbness e Valium skies são também verdadeiras preciosidades que merecem ser ouvidas com atenção.


Grafton street : A exceção que vale a pena em Safe Trip Home, o decepcionante terceiro album da Dido. Grafton street é um belissimo hino à dor da ausência (No more trips to Grafton Street / no more goin' there / no more sitting up all night / waiting for any word) - Dido perdeu seu pai em 2006, o que atrasou em mais de um ano o lançamento do album. A canção se encerra com uma surpreendente e tocante influência da musica celta, que me deixa parado uns dez segundos quando acaba, para que minha respiração volte ao normal... Talvez eu também salve Let do things we normally do, mas o resto do album é insipido. Simplesmente.

My! My! Time Flies! : Apesar de que as composições e os arranjos inigualaveis de Enya são super agradaveis de se ouvir, seus albuns são normalmente construidos segundo uma mesma formula. Para os menos atentos, isso pode resultar em uma sensação de déjà vu. Exatamente por romper um pouco com o estilo classico da cantora, My! My! Time Flies! entra, para mim, como um marco na musica de 2008. Uma letra engraçada, cheia de referências bastante explicitas à gente como Isaac Newton (A man underneath a tree / an apple falls on his head) ou os Beatles (Four guys crossed the Abbey Road / one forgot to wear shoes). A melodia, dançante ja no começo, evolui de forma que no meio da canção a gente não resiste e começa a acompanha-la bantendo o pé. E, surpresa, um solo de guitarra super "pink-floydiano" completa o clima festivo evocado pela canção. Os fans conservadores atacaram. Eu adorei. Além desta, não se pode deixar de admirar as belissimas Stars and midnight blue (que inspirou o nome deste blog) e Last time by moonlight.

U want me 2 : Faz quase seis anos que os fans de Sarah McLachlan esperamos o sucessor de Afterglow, seu ultimo album inédito em estudio. Esta certo que, desde então, ela teve duas filhas e divorciou-se: não deve ter tido la muito tempo ou cabeça para pensar em musica. Em outubro, ela lançou Closer, um "Best of" bastante representativo de sua carreira e que contém duas faixas inéditas, uma das quais U want me 2. De maneira geral a canção é bem ao seu estilo ; sua voz aparece bela e bem trabalhada e o uso de xilofones deu um toque de "coisa nova" na "coisa". O balanço é positivo : deu para acalmar um pouco enquanto esperamos o novo album prometido para 2009...